Plasma rico em plaquetas acelera, de fato, a cicatrização das lesões

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Uma das grandes novidades na área da Ortopedia no País é o uso de plasma rico em plaquetas (PRP) para acelerar a cicatrização nos tratamentos de lesões musculares, ósseas, de tendões e cartilagens. O plasma, vale relembrar, é a parte líquida do sangue, na qual se encontram basicamente os glóbulos vermelhos, também chamados hemácias, que transportam o oxigênio e o gás carbônico por todo o corpo; os glóbulos brancos, também chamados leucócitos e linfócitos, que são responsáveis pelas defesas orgânicas; e as plaquetas, que regulam a coagulação sanguínea. Um indivíduo saudável tem 150000 a 400000 plaquetas em cada milímetro cúbico de sangue circulante. Já o plasma enriquecido deve conter um número três a sete vezes maior daquelas células sanguíneas.

A técnica de enriquecimento do plasma foi criada por cirurgiões bucomaxilares espanhóis cerca de 20 atrás e hoje é usada em muitos países também por ortopedistas, dermatologistas, cirurgiões plásticos e cardiovasculares. Os dentistas foram os primeiros a utilizá-la no Brasil, para apressar a cicatrização em cirurgias de enxerto de ossos. Os ortopedistas brasileiros começaram a usá-la há cerca de sete anos para apressar a cicatrização em muitas áreas, mas sobretudo nas lesões de tornozelo, pé, joelho, mão, ombro, quadril e coluna.

O plasma a enriquecer é retirado do próprio paciente, por um profissional especializado, o biomédico, durante a cirurgia de correção da lesão. Ele recolhe, dependendo da extensão da lesão, cerca de 60 ml de sangue e envia uma amostra a um laboratório para análise. Coloca o sangue restante em tubos de ensaio que são depositados numa centrífuga criada especificamente para o procedimento de enriquecimento do plasma. A centrifugação leva o fluido a separar-se em camadas, de acordo com o peso da cada elemento que o compõe. Assim, embaixo ficam as hemácias, sobre elas o plasma rico em plaquetas, depois os leucócitos e, em cima, o plasma pobre em plaquetas. O enriquecimento do plasma, como se vê, ocorre durante o próprio processo de centrifugação. O plasma rico em plaquetas, cujo enriquecimento é comprovado no mesmo laboratório, é, então, aplicado na lesão que foi corrigida com cirurgia. As plaquetas têm proteínas que favorecem a cicatrização dos tecidos, como o PDGF (fator de crescimento derivado de  plaquetas), que em alta concentração no PRP (três a sete vezes a concentração sanguínea normal) acelera a cicatrização.

Ainda não há pesquisas científicas que comprovem a eficácia da técnica. Por isso, há médicos que são contra a utilização desta técnica. Mas se percebe no dia-a-dia do consultório que é eficaz. Não só apressa a cicatrização das lesões, como também diminui o sangramento, o inchaço e a dor pós-operatória, além de apresentar risco zero de rejeição, pois é realizada a partir de sangue do próprio paciente. E mais: quem é submetido ao procedimento deixa o hospital e volta a praticar atividades físicas mais rapidamente e precisa fazer fisioterapia por um período menor.

O PRP pode ser feito por qualquer pessoa. O uso da técnica, vale destacar, não livra o paciente de repouso nem de fisioterapia. Alguns convênios médicos já a cobrem, mas existem hospitais que não a realizam, pelo fato de ainda não haver publicações científicas suficientes comprovando a sua eficácia.